(19) 99355-4029
(19) 3342-2992

Resenha | Leões de Bagdá

Originalmente publicada em 2008 no Brasil, Leões de Bagdá nos faz refletir sobre muitos aspectos, dentre eles, a liberdade.

Uma década mais tarde, a Panini relança essa notável graphic novel, com acabamento digno de colecionador. Com certeza essa edição de luxo não pode faltar na sua estante.
O norte americano Brian K. Vaughan, é a mente escritora por trás da história de libertação. Brian já escreveu grandes títulos como Ex Machina, Paper Girls, Saga, Y: O último Homem e alguns roteiros da série de televisão Lost. E isso não é tudo, Vaughan já levou 3 Eisner para casa, como melhor escritor em: 2005, 2013 e 2014. Já trabalhou na Marvel e DC, com títulos como Homem-Aranha, X-Men, Batman, Liga da Justiça, entre outros. Com um currículo desses, fica difícil não querer ler essa obra.
Por outro lado, não podemos deixar de mencionar as imagens maravilhosas que o canadense, Niko Henrichon traçou para essa história. Todos os animais têm uma anatomia e expressões faciais perfeitas, várias vezes me peguei comparando Leões de Bagdá com o Rei Leão. Fico pensando se Vaughan não fez isso de propósito, pois acabou se tornando uma leitura nostálgica.
A história é uma adaptação do que aconteceu na vida real no Iraque em 2003, onde houve um bombardeio americano. Em meio às explosões, um zoológico foi atingido e animais fugiram, inclusive leões. A partir disso, Vaughan, nos leva a acompanhar a trajetória de um grupo de quatro leões que escaparam do zoológico e partiram rumo à liberdade.
Quando iniciei a leitura não demorou muito para eu começar a desconfiar onde aquilo tudo ia dar. Tiro e queda! Foi exatamente como imaginava. A história não é dotada de reviravoltas que te fazem perder o fôlego, contudo, os personagens, o cenário e os desafios para sobreviver numa cidade em guerra acabam te prendendo e, quando isso acontece, é ótimo. Se você torce pelo personagem, quer dizer que há uma empatia. Quando há empatia é sinal que o roteirista foi habilidoso ao criar o personagem e o que o cerca.
Confesso que não conhecia a história por trás do quadrinho, que é inspirado em fatos reais. Isso me ajudou muito a ficar na expectativa do que poderia acontecer na página seguinte.
De fato os leões são levemente antropomórficos, principalmente nas expressões faciais, o que não atrapalha em nada a história ou os personagens, dando um ar fabuloso e cativante aos protagonistas.
Vaughan teve todo o cuidado de basear seus personagens no que estava acontecendo politicamente no Iraque. Notem as características individuais:
Noor — é uma leoa brilhante e feroz, que mal se lembra da vida na natureza selvagem, mas que está certa de que o mundo lá fora é melhor do que o cativeiro no zoológico. Ele representa os jovens reformistas iraquianos, aqueles que querem democracia de fato em seu país.
Safa — é a leoa mais velha do bando, cega de um olho. Passou maus bocados na vida de liberdade selvagem, por isso, não está satisfeita em deixar o zoológico para trás, pois naquele lugar, encontrava tudo o que precisava, segurança, comida, sombra e água fresca. Safa representa aqueles iraquianos que se sujeitavam a Saddam em troca da relativa estabilidade que ele ajudou a criar.
Ali — um filhote. É único dentre eles que nasceu em cativeiro. Ali não conhece nada do mundo fora do zoológico. Ele representa as crianças iraquianas inocentes, que não tinham opinião sobre Saddam, George Bush ou sobre quase qualquer coisa além da sua própria família e amigos.
Fajer — o perverso, um dos antagonistas. Para não estragar a surpresa, não vou revelar quem é esse personagem, mas basta saber que ele devorou parcialmente três civis depois do bombardeio (segundo a ideia original de Vaughan). Ele funciona exatamente como uma metáfora perfeita para os leais a Saddam e terroristas que usam a violência para manter o status quo.

Os protagonistas da história

Sob essa perspectiva dos leões, Vaughan, queria questionar coisas sobre a guerra dos EUA contra o Iraque. Qual seria o real significado da liberdade? Um país pode ser liberto ou isso deve ser conquistado pela autodeterminação? É mesmo melhor morrer um homem livre do que viver escravizado? Esse ainda é um assunto muito atual, e refletir sobre ele é importantíssimo.
Por isso, se você ainda não leu essa história, essa é a sua chance. A edição de Luxo da Panini faz jus ao nome, e para melhorar ainda mais, no final, você tem acesso aos extras ausentes na edição anterior, um material excelente para deixar o leitor por dentro de tudo o que aconteceu nos bastidores da produção, além de conferir o roteiro da obra.


Texto do Prof. Raphael Albuquerque

Comentários (1)

Cialis 10 Tabletten canadian cialis Cephalexin 750mg Levitra 10 Mgptt Bayer

Deixe seu comentário

×